Por Victor Uchôa
Tinha iniciado relato bem pessoal sobre um episódio relacionado à cerveja, ia citar até um rótulo artesanal. Sério, não é engodo de quem não sabe pra onde ir no texto, é confissão mesmo – já havia seis linhas prontas.
Ocorre que a editora derramou sobre mim aquilo que, certa vez, ouvi falar nos bancos da academia. Chama-se critérios de noticiabilidade. “Esse mês, você pode escrever sobre cervejas e festas populares”, sugeriu ela, fermentada de razão.
De que adianta vir aqui cheio de aleotria subjetiva se é verão lá fora, com Bonfim, Iemanjá, Boa Viagem, Carnaval e até a Lavagem do Beco rondando nosso juízo? Para além de qualquer gosto rebuscado, a verdade que salva e liberta é uma só: na hora que o pau come na rua e o corpo incandesce, qualquer cerveja salva.
Não por acaso, as piriguetes causaram tanta comoção quando surgiram no mercado. Pequeninas, gelam mais rápido, podem ser superadas com três ou quatro goles e, em tempos de caos nas grandes cidades, facilitam bastante a mobilidade urbana.
Alguém dirá que, devido ao apelo popular, nenhuma piriguete faz jus ao bom entendedor, pra quem meio gole já basta. No debate, outro gritará entre risos que não existe cerveja ruim, existe cerveja quente. Um ponderado argumentará que, a partir da quarta latinha, fica tudo igual.
A tudo observo ao lado do meu isopor predileto. Palitos de churrasquinho fazem vezes de cabide e exibem piriguetes diversas. Na mão de quem vende, a piriguete vira chocalho e atrai a atenção de quem passa. Multiuso.
O bom entendedor pode até afirmar que as piriguetes só mostram sua autêntica faceta no dia seguinte, quando o intestino resmunga. Não deixa de ser verdade, mas ninguém pensa nisso quando procura assunto com aquela garota ou aquele cara que obviamente vai gerar problema no dia seguinte (ou nos anos seguintes). De novo aquela história: quando o corpo incandesce…
Feito o manifesto, vamos voltar ao jornalismo e concluir com a pergunta que realmente importa nestes tempos de festa na rua: “É três por cinco né, pai?”.
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